A reunião das condições que propiciaram a entrada na era do crescimento económico moderno no século XIX não estava ao alcance da maioria dos países europeus. Em vésperas da primeira guerra mundial era ainda muito restrito – e geograficamente concentrado – o círculo de estados que haviam conseguido franquear o umbral do desenvolvimento económico. Outros pareciam dar os primeiros passos nessa direcção, outros ainda ficavam decididamente para trás. Na própria época, estas mesmas disparidades de desenvolvimento suscitaram reflexões de diferentes agentes sociais. Em Portugal, o tema do atraso económico – articulado com o velho mito da decadência nacional – ocupou duradouramente políticos e intelectuais. Em virtude das suas aspirações a um país mais desenvolvido, legaram um problema à historiografia: por que razão não entrou Portugal no exclusivo clube dos países europeus que então se industrializaram rapidamente? Ao invés, a história económica comparativa mais recente sugere outra perspectiva. Trata-se de saber se, à luz do comportamento de países que pertencem à mesma região geográfica de Portugal, ou que com ele partilham característica económicas e sociais, seria legítimo esperar um crescimento mais forte e, portanto, um menor atraso.
Language
Portuguese
Pages
491
Format
Hardcover
Publisher
Imprensa das Ciências Sociais
Release
May 18, 2022
História Económica de Portugal (1700-2000) - Volume II - O século XIX
A reunião das condições que propiciaram a entrada na era do crescimento económico moderno no século XIX não estava ao alcance da maioria dos países europeus. Em vésperas da primeira guerra mundial era ainda muito restrito – e geograficamente concentrado – o círculo de estados que haviam conseguido franquear o umbral do desenvolvimento económico. Outros pareciam dar os primeiros passos nessa direcção, outros ainda ficavam decididamente para trás. Na própria época, estas mesmas disparidades de desenvolvimento suscitaram reflexões de diferentes agentes sociais. Em Portugal, o tema do atraso económico – articulado com o velho mito da decadência nacional – ocupou duradouramente políticos e intelectuais. Em virtude das suas aspirações a um país mais desenvolvido, legaram um problema à historiografia: por que razão não entrou Portugal no exclusivo clube dos países europeus que então se industrializaram rapidamente? Ao invés, a história económica comparativa mais recente sugere outra perspectiva. Trata-se de saber se, à luz do comportamento de países que pertencem à mesma região geográfica de Portugal, ou que com ele partilham característica económicas e sociais, seria legítimo esperar um crescimento mais forte e, portanto, um menor atraso.